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Menos Um Carro

Blog da Mobilidade Sustentável. Pelo ambiente, pelas cidades, pelas pessoas

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Bicicletada na SIC

MC, 30.01.09

A Carla Castelo do Nós por Cá na SIC voltou a fazer uma reportagem sobre a Massa Crítica/Bicicletada em Lisboa. Passou há pouco em prime time, mas aqui fica para quem não a pode ver.

 

 

(inclui um participante da bicicletada muito simpático, inteligente, bonito, interessante mas também muito anónimo e muito afectado pela tosse de inverno).

 

E tu quando vens?

Lisboa, Porto, Coimbra e Aveiro na última sexta-feira de cada mês ao fim da tarde. Mais informação na página nacional não-oficial.

 


Uma excelente notícia em Lisboa: reabriu o cinema que existia há décadas em Alvalade (uma zona relativamente central da cidade), agora com 4 salas.

Será um sinal que as nossas cidades estão a voltar a ganhar vida e tornarem-se mais humanas, que o comércio e a cultura voltam a estar onde as pessoas estão em vez de lugares no meio do nada que apenas têm como vantagem terem lugares  para estacionar grandes caixas de lata, que a época dos shoppings junto aos nós das auto-estradas está a começar a acabar?

Já cá faltavam os comerciantes velhos do Restelo

MC, 29.01.09

Depois da excelente e arrojada proposta da CML de impedir o trânsito de atravessamento da Baixa (atenção que também há aspectos negativos, mas isso fica para um post futuro), eram de esperar as reacções e o medo à mudança dos comerciantes da Baixa. Não deixa de ser irónico que a Baixa esteja a morrer, mas haja ao mesmo tempo tanta gente a querer agarrar-se ao seu actual estado.

Tenho pena de não ser possível enviar os comerciantes lisboetas a uma visitinha às cidades europeias onde o trânsito é altamente condicionado no centro (a larga maioria), e onde há muita vida, movimento e consumidores. À inenarrável reacção do ACP, apenas aconselho a leitura deste post, mas ao comerciantes que estão preocupados com o seu negócio recomendo:

O que aconteceu ao Bairro Alto depois de ser fechado ao trânsito

A diferença entre as "baixas" das cidades europeias e as "baixas" americanas

Comércio ficou a ganhar com as portagens em Londres

Comércio ficou a ganhar com interdição radical do trânsito automóvel no centro de Bogotá

Ruas fechadas ao trânsito levam a recordes de vendas em Londres

mas acima de tudo este

Equívocos dos comerciantes austríacos e ingleses quanto à mobilidade dos seus clientes (fim do post)

 

Acho que o receio dos comerciantes se resume ao velho problema de se achar que "quem não anda de carro não é gente"...

 


Fica aqui a minha homenagem à Márcia Regina Prado, activista pró-bicicleta de São Paulo, que eu obviamente não conhecia mas que foi atropelada mortalmente por um condutor que não respeitou a distância de segurança quando ela circulava de bicicleta.

Que sociedade estúpida é esta em que uma pessoa tem medo de fazer um coisa tão inocente como andar de bicicleta?

Homenagens no Panóptico e no Apocalipse Motorizado

Os mesmos benefícios

António C., 22.01.09
Reportagem do programa Nós por Cá transmitido na sic em que é alertada a incongruência que existe no tratamento, em termos de benifício fiscais a veículos eléctricos e a bicicletas.</p>

 

O cidadão presente na reportagem conseguiu já conseguiu reunir mais de 5500 assinaturas numa petição on-line para levar este assunto à Assembleia da República. Se ainda não assinou pode fazê-lo em: http://petitiononline.com/IRSBICIC/

Um vídeo que vale mais do que mil palavras - leading car interval

MC, 20.01.09

Referi aqui há uns meses uma medida de segurança (e de promoção do peão), o leading pedestrian interval. Quando num cruzamento há autorização (amarelo intermitente) para o trânsito cruzar uma passagem de peões (com verde), convêm dar alguns segundos de avanço aos peões, para que os automobilistas os vejam quando arrancam.

Pois bem, em Portugal temos Leading Car Interval, o conceito oposto.. vá se lá saber porquê.

Aqui fica um vídeo de 10 segundos de um cruzamento assim em Lisboa. Deve ser dos vídeos mais chatos que há na net, mas vale a pena ver porque resume tudo o que há de mau no planeamento das nossas cidades.

Apesar de ser um cruzamento onde passam mais peões do que carros,
apesar de ser um ponto onde os carros parados no semáforo não causam congestionamento a montante,
apesar de não passarem ali autocarros que pudessem ser atrasados,
apesar de as esperas nos semáforos serem  culpa / consequência da mobilidade automóvel, apesar de as regras de segurança defenderem o oposto,
apesar de haver a necessidade de promover os peões e despromover o automóvel,
mesmo assim os técnicos da câmara acharam por bem oferecerem aqueles 8 segundos de vantagem aos automóveis (pensem agora em todos os cruzamentos da cidade). Obrigadinho...


Republico aqui o apelo da Lanka para quem esteve presente no ataque policial em Almada:

 

Como já devem saber a polícia tratou de apagar fotos e filmes e/ou confiscar cameras. Por isso há poucos registos do incidente.
Quem tiver fotos ou filmes do período da festa pedonal e da violência e confusão que lhe sucederam, por favor partilhem-nos! Publiquem nos vossos blogs, enviem para a imprensa,. ou até para o meu email.
Quem testemunhou os acontecimentos, por favor conte-nos o que viu, anonimamente ou não, faça comentários em blogs ou artigos ou mande-me um email!

Ainda pode ajudar da seguinte maneira:

- Participar o incidente à IGAI - Inspecção geral da Administração Interna: geral@igai.pt
- Participar o incidente à
Comissão de Assuntos Constitucionais, Direitos, Liberdades e Garantias
- Se tiver ficado lesado de alguma maneira (perdeu camera, fotos, ficou ferido): pode apresentar queixa em qualquer esquadra da PSP

Em nome da cidadania e do respeito por todos, desde já muito obrigada

Dois artigos interessantes

MC, 20.01.09

Eu costumo enviar os artigos para o fim dos posts, mas acho que estes dois merecem destaque. Aconselho a leitura deles, mas para quem não tem tempo, aqui ficam os destaques.

 

1. Bons investimentos públicos do Rui Rodrigues do maquinistas.org (obrigado Mário)

 

A cidade americana de Houston é uma referência, como um exemplo a não seguir, por ter graves problemas de mobilidade, e está a pagar muito caro por ter baseado a sua circulação apenas no automóvel.
Para se ter uma ideia da gravidade da situação, a União Internacional de Transporte Público (UITP) dá como exemplo a comparação entre as cidades de Singapura e Houston, que possuem aproximadamente a mesma população e rendimento per capita. Por ano, Singapura gasta menos 10 mil milhões de dólares para transportar os seus habitantes que a cidade de Houston, o que representa cerca de menos de 3000 dólares por habitante.
Esta diferença, em parte, também se explica devido à diferença da densidade populacional mas, mais importante, deve-se ao facto de que em Singapura 52,75% dos seus habitantes utilizam o transporte público, enquanto que, em Houston, 95,5 %, utilizam o veículo privado.
Na Europa, o transporte público consome quatro vezes menos energia que o transporte individual e, no Japão, esse valor é 10 vezes inferior. Por outro lado, segundo estudos realizados pela APTA (American Public Transport Association) o transporte público cria duas a três vezes mais postos de trabalho que o privado

(...)

Nas famílias portuguesas, os gastos em combustíveis atingem entre 76 a 125 Euros por mês. (...) Concluiu-se que, num país como o nosso, com poucos recursos económicos, dirigiu-se o maior esforço para o modo de transporte mais caro, mais poluente e que maior número de mortes, feridos e prejuízos provoca na sociedade.

 

2. Revolução na mobilidade urbana em Espanha no El Pais (em castelhano) (obrigado pedro santos)

Refere-se vários exemplos de mudanças que já aconteceram em Espanha, mas insiste que é preciso uma autêntica revolução - e que a necessidade desta é cada vez mais premente e consensual. O mais engraçado queixar-se que a Espanha está sempre na cauda da Europa em termos de mobilidade, que as coisas só são feitas muito depois, que a ditadura do automóvel e dos seus lobbies continuam a predominar... claramente o autor nunca veio a Portugal. Deixaria de dizer que Espanha está na cauda da Europa.

Uma coisa que me parece estar implícita, e que eu já insisti várias vezes: para uma melhor mobilidade urbana não é apenas lutar pelos transportes públicos, é lutar também contra o automóvel (algo que é quase um tabu em Portugal). Isto porque não se pode ter boas alternativas enquanto a ditadura do automóvel perdurar, porque o automóvel tem um enorme impacto negativo sobre as suas alternativas (autocarro, peões, bicicleta).

 


Aconselho a reportagem rádio (em alemão, mas com uma amável tradução e transcrição do  Jorge Tiago e Heidi Koenig nos comentários ao post!) da Deutschland Radio, a gozar literalmente com a obsessão do nosso primeiro-ministro pelas auto-estradas. Mostra o absurdo de haver um país pobre, com vários problemas estruturais, com uma das melhor rede de auto-estradas do mundo, que tem planeado a construcção de mais mil e tal kms nos próximos anos.

(obrigado Patrick)

 

 

Zona Pedonal em Almada protegida pela Polícia de Intervenção para deixar passar os Carros

António C., 18.01.09

Quando hoje recebi um e-mail com um relato dos acontecimentos, esta sexta-feira, de uma acção pacífica e de festejo da criação de uma zona pedonal em Almada fiquei boquiaberto e arrepiado.

 

O relato que recebi pode ser lido aqui. Um grupo de pessoas (200 segundo o comunicado da polícia mas que parece exagerado) juntou-se ao final do dia a partir das 16 horas para disfrutar de um espaço que foi recentemente requalificado para se tornar numa zona pedonal e que aparentemente permite a circulação automóvel a familiares de alunos da escola que fica na zona e também a várias carreiras de transportes públicos. A circulação motorizada deve ser feita a 10 km/h. Escusado será dizer que são poucos os automobilistas e condutores de autocarros que respeitam este limite.

 

Segundo as poucas notícias que fui encontrando e tentando formar um ponto de vista moderado sobre o assunto, a acontecido é no minímo, chocante. Ao que parece, uma banda que fazia parte dos festejos e onde participavam crianças foi varrida aos empurrões por membros da polícia de intervenção com a justificação de que estavam a impedir a circulação automóvel, na zona pedonal.

 

Resultado de tudo isto, 2 pessoas detidas e 3 feridas e uma mãe com uma criança ao colo atirada ao chão.

 

Tudo isto me parece surreal, e comentar este despotismo desporporcinado da polícia já seria razão de sobra para indignação.

 

Para acrescentar a isso, parece que a polícia se deu ao trabalho de apagar fotografias de pessoas que assistiam incrédulas aos acontecimentos e que registavam nos seus aparelhos o sucedido.

 

Lançamos aqui o repto, para que nos sejam enviadas fotos ou videos deste abuso policial, porque nos parece de todo descabido que se agrida pessoas pelo simples facto de estarem a andar a pé numa zona pedonal. (mesmo que impedindo de alguma forma o trânsito).

 

Finalizando deixarei todos os links que fui encontrando para esta notícia e deixo a pergunta, antes que me venham para aqui dizer que eram hippies revolucionários ou qualquer outra coisa estapafúrdia. O que será que acontecia aos peões se estivessem a festejar uma vitória de um clube de futebol ou, por exemplo, a participar numa procissão religiosa?

 

Media: (Actualizado)

 

http://diario.iol.pt/sociedade/almada-psp-manifestacao-policia-protesto-detencoes/1033520-4071.html

 

Blogs: (Actualizado)

http://supergreenme.blogspot.com/2009/01/ontem-fui-relembrada-pouco-suavemente.html

http://agitacao.wordpress.com/2009/01/17/de-quantos-carros-precisa-uma-zona-pedonal/

http://utopia-dos-sentidos.blogspot.com/

http://gaia.org.pt/node/14730

http://gaia.org.pt/node/14726

http://blogue-do-ogre.blogspot.com/2009/01/quantos-carros-precisa-uma-zona-pedonal.html

http://a-sul.blogspot.com/2009/01/almada-pedonal.html (caixa de comentários)

http://spectrum.weblog.com.pt/arquivo/2009/01/carga_policial.html

Alergia ao comboio?

MC, 14.01.09

Eu sei que me estou a repetir, mas continuo boquiaberto com tanta crítica ao TGV. Não há dia - que digo? não há hora - que não haja político, empresário, sindicalista ou miúdo da escola a aparecer nos media a criticar o TGV. Está tão na moda, que acho que não me deixariam entrar num club nocturno se disser bem do TGV.

Atenção, eu não me considero especialista, não sei se o TGV é uma boa ideia. Agora quando Lisboa é a região da Europa com mais auto-estradas, quando temos das "melhores" redes de auto-estradas que só ainda não chega a Pinhanços no Concelho de Seia, quando temos das piores ferrovias da Europa, quando a maior cidade europeia sem comboio é portuguesa, quando temos dos maiores pesos da rodovia e menores da ferrovia no sistema de transportes etc. só me apetece perguntar,

onde é que estão estes palhaços todos, tão preocupadinhos com as despesas do governo, quando o governo começa a construir a terceira auto-estrada paralela de Lisboa ao Porto?

Ou é alergia ao comboio ou são tapadinhos de tanto conduzirem.

 


A ver: mais uma interessante reportagem da Carla Castelo na SIC, sobre a dificuldade de ser peão em Lisboa. Os mini-passeios, os carros em cima do passeio, o mobiliário urbano, as 1001 voltas que os peões têm que dar para não perturbar os popós, está lá tudo. Só falta absurda discriminação em termos de espera nos semáforos, apesar dos semáforos serem uma consequência dos popós e não dos peões.

Para quem não é de Lisboa a "avenida" que aparece na parte 2, por incrível que pareça, é mesmo numa zona central de Lisboa, não é num subúrbio.

Parte 1

Parte 2

Parte 3 

Baixa de Lisboa quase sem automóveis!

MC, 14.01.09

A notícia já andava a circular, mas como havia versões contraditórias e a notícia era boa demais para eu acreditar á primeira, ainda não tinha referido.  A CML aprovou um projecto que prevê o fim dos atravessamentos da Baixa para automóveis privados! O trânsito não é cortado, mas apenas quem tem como destino final a Baixa é que passará lá de carro.

 

Isto vai obviamente diminuir em muito a circulação automóvel na Baixa, ajudando a revitalizar aquela zona da cidade, atraindo comércio, consumidores e habitantes. Vai ser uma zona com mais vida, mais agradável e mais segura. Imaginem só as ruas do Ouro e da Prata transformadas (quase, continuaram os transportes públicos) em Rua Augusta.

Atrevo-me a dizer que é a melhor notícia que a cidade já teve em termos de devolução dos espaço público às pessoas desde que ele começou a ser indevidamente apropriado pelos automóveis! Talvez com a excepção da pedonalização da Rua Augusta há uns 20 anos atrás.

 

A questão do desvio do trânsito para as zonas adjacentes é uma falsa questão. Primeiro a grande maioria dos veículos que atravessam hoje a Baixa, não têm como partida e chegada pontos imediatamente antes e depois da Baixa, logo faram percursos por zonas completamente diferentes. Segundo, tal como a abertura de uma nova via cria novas viagens nessa via que não existam antes dela (por pessoas que abandonam os TP por exemplo), o mesmo acontece quando uma via é fechada, a chamada evaporação de tráfego. Façam um Gedankenexperiment, pensem na abertura no túnel do Marquês  ao contrário, ou seja passando de 2008 para 2004. É o equivalente a fechar uma avenida, mas não consta que as ruas da zona estivessem em 2004 terrivelmente pior do que hoje. Foram milhares de viagens de carro que passaram a ser feitas. Por último,  a cidade deve ser das pessoas, quem insiste em andar de carro é que deve acarretar com as consequências da sua decisão, não faz sentido prejudicar quem anda a pé, de TP ou bicicleta.

 

 

 


Apelo para Almada: venham ensinar aos automobilistas que zona pedonal significa zona para peões. Falo da zona da Praça do MFA, que foi recentemente convertida em zona pedonal, mas aparentemente há muita gente - incluindo autoridades - que não sabem o que isso quer dizer, desrespeitando constantemente as novas regras. Esta sexta-feira ás 16h na Praça do MFA.

Mais informação do GAIA.

Raio dos ciclistas!

MC, 07.01.09

(não, não é sarcasmo... é mesmo honesto)

Correndo o risco de irritar alguns leitores aqui do blogue, não posso deixar de expressar a minha indignação com a quantidade de ciclistas a circularem no passeio. E não me estou a referir a passeios ao longo de vias-rápidas. Refiro-me sim a passeios em ruas e avenidas no centro da cidade, que estão cheios de peões e onde a circulação automóvel não é perigosa para os ciclistas.

Deslocar-se de bicicleta no passeio é fazer exactamente o mesmo que os automóveis fazem aos peões e aos próprios ciclistas. É ocupar indevidamente o espaço do elo mais fraco, colocando-o em perigo, assustando-o  e desrespeitando-o. E isto quando o espaço e a protecção do peão já são as vergonhas que sabemos.

É até prejudicial à causa da mobilidade em bicicleta, porque só causa antipatia no cidadão comum, quando à partida só havia razões para todos ficarmos a ganhar com as bicicletas. Neste post do blog espanhol Ciudad Ciclistas, conta-se exactamente que este comportamento está a causar aversão aos ciclistas.

 

A única coisa boa, é que se trata de uma prova do aumento do número de ciclistas na cidade, mas isso é uma fraca consolação.

 


Video a ver, e para fazer as pazes depois do texto acima, uma reportagem da SIC sobre o fim do projecto dos 100 dias de bicicleta em Lisboa (que acabaram por ser 200) do Paulo Santos. Parabéns pelo excelente impacto mediático da iniciativa.

 


Com este post começamos - de um modo um pouco negativo - a nossa participação no Planeta BiciCultura, um agregador de posts que estejam relacionados com a mobilidade em bicicleta. A ideia, tida e concretizada pelo Bruno e pela Ana, é centrar num ponto único tudo o que é dito pela blogoesfera sobre este tema, sem termos que andar a saltitar entre blogs ou feeds.

A propósito de feeds, não te esqueças de assinar o feed do Planeta BiciCultura.

A Zara na rua, e a Salsa no shopping

MC, 05.01.09

Chegada à penosa altura dos saldos (penosa por ser a altura em que compro roupa), noto sempre uma escolha intrigante por parte das grandes cadeias de lojas de roupa. É raríssimo - nalguns casos mesmo impossível - encontrar uma loja de roupa de marca portuguesa (Salsa, Cheyenne, Sacoor, Throttleman, Quebramar, etc.) na rua. Parece haver alguma alergia a abrir lojas na cidade, onde as pessoas vivem, trabalham e passeiam, onde há vida. Contudo essas mesmas cadeias abundam nos shoppings.

Por outro lado não faltam as Zaras, Benettons, Springfields, etc. em zonas comerciais do centro de Lisboa.

Ou os estrangeiros estão a enterrar dinheiro porque lhes apetece, ou na cabeça dos empresários portugueses os consumidores que andam a pé e de transportes públicos, que vivem e dão vida à cidade, são uns pobretanas miseráveis. Um triste exemplo de como nós vemos as cidades e a mobilidade nelas?

 

Não me lembro das outras cidades portuguesas, mas duvido que seja diferente de Lisboa. Façam a experiência, por exemplo na Guerra Junqueiro. Uma avenida, que desde que foi condicionado o trânsito (bastou inverter o sentido do trânsito para reduzir fortemente a circulação, o barulho e a poluição), não tem parado de crescer como foco de comércio dito tradicional... Diz-se até que há lojas lá, que são as que mais vendem por m² dentro da sua cadeia.

Vão lá, espantem-se, e expliquem-me isto sff.

 


Para que fique nos anais da luta anti-automóvel na cidade, uma foto de uma pequena acção contra o buraco do marquês que ajudei a organizar em 2004:

 

(Entretanto, enquanto escrevia isto vi da minha janela, uma mulher que estacionou o carro em segunda fila, ninguém apitou - o caso seria bem diferente se fosse um peão a atrapalhar o trânsito por meros segundos, a mulher sai do carro para ir ver uma montra, e um polícia municipal que por coincidência passou, nem se incomodou.)

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