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Menos Um Carro

Blog da Mobilidade Sustentável. Pelo ambiente, pelas cidades, pelas pessoas

Menos Um Carro

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Bicicleta no Metro (e na Carris?)

MC, 31.05.07
Graças à contínua pressão da FPCUB o Metro alargou o horário em que as bicicletas podem ser transportadas GRATUITAMENTE dentro do metro. O novo horário, que entra em vigor a 1 de Junho, passa a ser das 20h30 aos dias de semana e durante todo o dia ao fim-de-semana.
A Carris informou também que será possível transportar bicicletas nos autocarros a partir do fim do corrente ano e em carreiras a definir, estando para isso previstas algumas adaptações nos autocarros.
Tal como o Comité Económico e Social Europeu defendeu, a bicicleta é fundamental como complemento aos meios de transporte para uma mobilidade sustentável nas nossas cidades. Os horários ainda não são os melhores, mas agora cabe aos lisboetas aderir.
NOTA: as bicicletas dobráveis podem ser transportados em qualquer transporte público, a qualquer hora.

O que mais gosto nas greves dos transportes públicos...

MC, 31.05.07
As greves têm um benefício inegável, que é o de provar a quem estava esquecido (desde a última greve) que as cidades não podem viver baseadas na mobilidade em automóvel. Lisboa (e suponho que todas as cidades portuguesas) teve ontem um trânsito infernal, porque muitos lisboetas foram forçados a usar o seu carro.
Há ainda dois pontos a agravar. Primeiro, a fazer fé nos dados da CGTP (para quem tem fé), meio país não foi trabalhar, logo seriam mais outros milhares de automóveis a circular. Segundo, o serviço da Carris não foi muito afectado, permitindo o transporte de muitos lisboetas, que caso contrário iriam somar aos números do barulho, do trânsito e da poluição.

Seul dá o exemplo: viaduto desmantelado

MC, 30.05.07
Aparentemente a notícia já tem alguns anos, mas não deixa de ser actual. Em Seul uma enorme via-rápida em viaduto que atravessava a cidade foi desmantelada. No seu lugar foi destapado um ribeiro. Na foto o antes à direita, e o depois à esquerda.
É preciso ter coragem para admitir que os erros do passado custaram milhões mas trazem mais desvantagens que vantagens. Fica o exemplo para Portugal, onde há várias barbaridades que bem poderiam vir abaixo.
(foto da KBS, via apocalipse motorizado)

Portagens urbanas em Manchester

MC, 29.05.07
Os municípios da Grande Manchester (segunda cidade inglesa) querem introduzir uma portagem para os automóveis na hora-de-ponta para combater o trânsito e a poluição. A entrada de manhã vai custar 2 libras (aproximadamente 3€), a saída ao fim da tarde 1 libra e a circulação na radial 1 libra na hora de ponta. A ideia é taxar apenas os movimentos mais indesejados (por exemplo quem sai da cidade de manhã e regressa à noite paga apenas 2 libras em comparação com quem entra que paga 5).

(via Ondas3)

JN faz retrato de Lisboa

MC, 29.05.07
Excerto da Reportagem do JN descoberta n'Os Verdes em Lisboa:

(...) as personalidades ouvidas pelo JN também têm na ponta da língua os defeitos que gostariam de ver resolvidos. A desertificação, os carros, o trânsito, os prédios por recuperar e a falta de afirmação da cidade são alguns dos problemas.

"Lisboa não se tem conseguido defender dos carros. As pessoas ainda estão deslumbradas com a motorização", diz Costa Lobo, que pede medidas para travar a circulação de tantos carros e a ocupação abusiva do espaço público. Manuel Graça Dias, arquitecto, defende que a solução é tornar os transportes públicos uma alternativa "fiável". "O transporte público tem de ser confortável, frequente e barato, para que as pessoas o prefiram ao transporte privado".

Programa da CDU para Lisboa

MC, 28.05.07
Alguns pontos (deixei de fora os mais consensuais) retirados do programa da candidatura de Ruben de Carvalho à CML:
(a azul os meus comentários... por razões "técnicas" tiveram que ficar em itálico)

Objectivos estratégicos

Dar prioridade absoluta às vias circulares.
Melhorar os ‘interfaces’ de entrada na cidade, incrementando os estacionamentos, melhorando a articulação de transportes e incentivando o uso de transportes públicos dentro da cidade;
Contribuir para a definição de novos eixos de circulação, que afastem do centro o transito de passagem e permitam a fruição das zonas históricas centrais como áreas de vivência urbana;
Continuar a construir nas zonas históricas áreas de estacionamento, nomeadamente em silo, para uso de moradores e de visitantes.

Prioridade

Como medida global, deverá ser reformulada a Autoridade Metropolitana de Transportes, (...) que exerça um papel na organização e coordenação dos vários operadores dos transportes públicos.

1. Acessibilidades e espaços públicos

Reformular o Túnel do Marquês, que deve emergir, no limite, na Rua Castilho. (espero que não seja um ponto de 2005 que tenha ficado esquecido para 2007. Se for realmente para manter os parabéns pela coragem política de defender o encerramento de uma infra-estrutura que só serve os automóveis ligeiros)
Exigir a conclusão das Circulares ao Eixo Norte/Sul, a radial da Pontinha e de Benfica e a CRIL (mais e mais estradas dentro da cidade?)
Concluir a reformulação da Av. Santos e Castro e as vias estruturantes da Alta de Lisboa
Concluir a ligação Olaias/Av. Infante D. Henrique
Aumentar as faixas “bus” e fiscalizar as cargas e descargas.

2. Mobilidade do peão

Dar combate à colocação de obstáculos nos passeios e fiscalizar rigorosamente o estacionamento irregular e a ocupação dos passeios
Utilizar equipamentos limitativos da velocidade, nos locais mais perigosos
Restringir a circulação de veículos em zonas centrais.

3. Estacionamento

Construir parques de estacionamento para residentes, subterrâneos, em superfície ou em altura e parques dissuasores à entrada da Cidade (...)

4. Sistema de transportes

Incrementar e valorizar a importância das empresas públicas de transportes (CP, Metro, Carris), impedindo o seu desmembramento, privatização ou municipalização, assim como os despedimentos de trabalhadores e valorizar o serviço público de transportes (impedir a municipalização?! Uma das principais queixas de quem tem estado à frente da CML nas últimas décadas é exactamente a independência da Carris que impede que haja uma política integrada de mobilidade no concelho)
Exigir o alargamento das coroas do passe social inter-modal e torná-lo extensivo a todos os operadores, como alternativa ao transporte individual, no acesso à Cidade (fundamental)
(...) estudar a expansão [do metro] a zonas de forte densidade habitacional, tais como Alcântara/ Ajuda e Sapadores/Graça
Intervir junto da Carris para repor as carreiras que tem vindo a suprimir e para a construção de linhas radiais e circulares de eléctricos rápidos em caminho reservado e a sua articulação com a recuperação dos eléctricos de colina.
Valorizar o papel dos táxis
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Estudar a viabilidade de utilização do GNV (gás natural veicular), como combustível para os táxis em circulação na cidade, bem como para utilização em veículos da frota municipal.

Nem uma palavra para a bicicleta como meio de transporte.

Helena Roseta admite portagens urbanas em Lisboa

MC, 28.05.07
A candidata à CML Helena Roseta foi ontem entrevistada no "Diga Lá Excelência". Aqui ficam alguns excertos tirados do Público de hoje:

(...) não foi a favor do túnel do Marquês, tal como a senhora arquitecta.
Pois não. Convidei a vir a Portugal o arquitecto Jaime Lérner, que foi prefeito em Curitiba [Brasil] e numa entrevista perguntei-lhe o que pensava do túnel. E ele respondeu: “O túnel é a maneira mais rápida de passar de um engarrafamento a outro. Mas se quiserem mesmo fazer, façam só o largo da saída”. Ou seja, os túneis não são uma prioridade.
(...)
Nos anos 90, antes de se fazerem as grandes entradas como o IC19 ou a A5 para Cascais, tínhamos em transporte público 60 por cento das pessoas e em privado 40 por cento. Dez anos depois inverteu, e agora vai ser ainda pior. Cada vez que fazemos obras para trazermos mais carros para a cidade, julgando que estamos a resolver um problema estamos a agravá-lo. É o paradoxo da acessibilidade: estamos a gastar cada vez mais dinheiro para perdermos cada vez mais tempo em engarrafamentos cada vez maiores. E para alterar isso, o grande sinal é menos carros a entrar na cidade. Foi o que se fez em Londres.

Portagens à entrada da cidade?
Admito que sim, mas tem de ser negociado com as câmaras da área metropolitana de Lisboa. É fundamental dar sinais de que é preciso inverter o rumo das coisas.
(...)
Tem de se completar a rede de transporte público e torná-la mais acessível. Sabe quanto custa um passe multimodal para uma família de quatro pessoas? Cerca de cem euros. Qual é a família que não prefere vir de automóvel? As tarifas não estão pensadas para famílias.
(...)
Mas o que digo é que temos de incentivar soluções inovadoras no transporte público. Temos o metro e os autocarros. O que nos falta é uma rede intermédia, um transporte semi-rápido, que pode ser em eléctricos de superfície ou em autocarros, como se fez em Curitiba. Há um espaço de inovação para tornar o transporte público mais eficiente e acessível.

Isto são mais boas novas de uma candidatura, que no dia do seu lançamento defendeu o "direito ao passeio" (para as pessoas e não para os automóveis, entenda-se), e cujo número dois é o Manuel João Ramos da ACA-M, que se tem notabilizado pela luta contra a anarquia nas ruas e estradas portuguesas.


Entretanto António Costa veio defender a transformação do espaço do Aeroporto da Portela num segundo pulmão verde da cidade.

Será que é desta que Lisboa se torna mais verde?

Lisboa = parque de estacionamento II

MC, 28.05.07
No Oceanário de Lisboa vendem-se t-shirts aos turistas com um curioso estampado. Um sinal de parque de estacionamento e a palavra PORTUGAL por baixo (algo semelhante à minha imitação aqui ao lado).
Das duas uma: ou o designer aproveitou a triste coincidência para criar algum impacto, ou de facto é mesmo assim que estrangeiros vêem as nossas cidades.
De qualquer modo não deixa de ser irónico.

Lisboa = parque de estacionamento I

MC, 27.05.07

(cartoon de danielpc.no.sapo.pt/cartoons/)

Uma das principais imagens de marca de Lisboa como cidade onde o automóvel é rei e senhor, é o estacionamento. São raras as ruas e avenidas que não estejam desmesuradamente ocupadas por automóveis estacionados. Além de ser mais um convite à entrada de veículos na cidade, e de tornar a cidade mais feia, desagradável e desumana, é espaço roubado aos peões, às esplanadas, aos canteiros, etc...
A emblemática Avenida da Liberdade, que deveria ser um dos cartões de visita, tem QUATRO faixas dedicadas a estacionamento. Como se não bastasse há ainda zonas onde o passeio interior é interrompido para dar lugar a pequenas pracetas para estacionamento (como se vê na foto). Basta pensar nas suas congéneres como os Campos Elíseos em Paris, o Passeio da Castelhana em Madrid ou a Avenida Diagonal de Barcelona, para nos apercebermos do ridículo em que Lisboa caiu.


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