Saltar para: Posts [1], Pesquisa [2]

Menos Um Carro

Blog da Mobilidade Sustentável. Pelo ambiente, pelas cidades, pelas pessoas

Menos Um Carro

Blog da Mobilidade Sustentável. Pelo ambiente, pelas cidades, pelas pessoas

Agonia do comboio

MC, 19.02.07
O JN noticiava ontem que o Governo não pensa investir em linhas de comboio "secundárias", com a excepção da Régua. Infelizmente não é novidade, todos os governos nos últimos 20 anos tem optado por desmantelar linhas ferroviárias. Os únicos grandes investimento foram nos comboios urbanos de Lisboa e Porto, e na infrutífera melhoria da linha Lisboa-Porto.
O que é chocante não é que linhas como a do Tua, que apenas servem pequenas povoações, vão desaparecendo, mas que não haja a mínima esperança de virmos a ter alguma vez uma rede ferroviária digna desse nome.
Cidades médias como Sines e Chaves deixaram de ter comboio. Leiria, Caldas da Rainha, Portalegre e Vila Real têm um apeadeiro onde de vez em quando passa lá alguma coisa.  Viseu é a maior cidade da Europa sem comboio. Bragança, Montemor-o-Novo, Estremoz, etc... também nada.
Numa época em que a mobilidade e o ambiente são fundamentais, não são boas notícias.

Imposto automóvel mais "verde"

MC, 15.02.07
O governo anunciou mais detalhes sobre a reformulação dos impostos sobre os automóveis. Além do já conhecido aumento dos actuais 10% para 30% e depois 60% da parte do imposto na compra do veículo (agora chama-se Imposto Sobre os Veículos) que depende da emissão de CO2 em vez da cilindrada, foi anunciado que haverá um desconto de 500€ para os automóveis a diesel que emitam menos de 5mg/km de partículas. É que os motores diesel gastam menos combustível, mas emitem pequenas partículas que provocam várias doenças respiratórias, acabando por ser mais prejudiciais no curto prazo que os motores a gasolina.
Resta acrescentar que os transportes rodoviários também emitem monóxido de carbono (CO), óxidos de azoto (NOx), compostos orgânicos voláteis (COVs), óxidos de enxofre (SOx), etc...

Autoólicos

MC, 15.02.07
Para que as minhas "bocas" não fiquem no ar, cá ficam as estatísticas do número de automóveis por cada 1000 habitantes em 2004 da Eurostat:

Luxembourg 659 Cyprus 448
Italy 581 Netherlands 429
Portugal 572 Ireland 385
Germany 546 Lithuania 384
Malta 525 Czech Republic 373
Austria 501 Denmark 354
France 491 Estonia 350
Belgium 467 Greece 348
United Kingdom 463 Poland 314
Sweden 456 Latvia 297
Slovenia 456 Hungary 280
Spain 454 Slovakia 222
Finland 448


Terceiro! Já agora a Suiça e a Noruega também ficavam atrás de nós. Como é possível, se somos apenas o 16º ou 17º país mais rico? Recomendo a todos a Autoholics Anonymous ("Hi, my name is Jane and I'm an autoholic."), um projecto da World Carfree Network.

Eleições Drive In

MC, 11.02.07
Em todos os actos eleitorais, a mesma cena: filas de trânsito e milhares de carros estacionados o mais próximo possível do local de voto. Eu sei que às vezes chove muito, que há idosos que não andam bem, que há pessoas não votam onde moram, etc... mas de certo que isto não explica tudo. Em frente à escola secundária onde a minha freguesia vota até a praceta fechada ao trânsito, onde os alunos por vezes jogam à bola e ficam depois da escola, estava a abarrotar.
Custa assim tanto atravessar uma freguesia a pé?!

Comissão Europeia impõe limites a emissões de CO2

MC, 07.02.07
Boa notícia! A Comissão Europeia acabou por não ceder muito às pressões da indústria automóvel e manteve as exigências em termos de emissões de CO2 para os automóveis em 2012.
A antiga proposta requeria que em média a emissão de CO2 por parte dos novos automóveis não fosse além dos 120 gramas por quilómetro percorrido. Agora, e embora mantendo essa meta, exige 130 por parte dos construtores devendo a restante redução caber a melhorias na tecnologia dos combustíveis e pneus. Para terem uma noção, o  Golf 1.4 emite 149, Golf 2.0 emite 182, Punto 1.2 emite 140 e o Laguna 1.6 emite 175.
Já tinha havido um compromisso há uns anos em que a indústria se tinha comprometido a reduzir voluntariamente até aos 140 em 2008, mas em 2004 a média ainda era 163g/km. Desta vez os limites são obrigatórios. Aqui está a parte boa da notícia. A indústria conseguiu diminuir as exigências mas agora os objectivos são vinculativos.
A indústria argumentava que esta medida levaria a enormes prejuízos e despedimentos. Mas esta medida aparentemente não diminui a procura de automóveis (o que é pena), logo prejudicará as marcas mais poluentes e beneficiará as mais eficientes.
Segundo a Deutsche Welle, o sector dos transportes foi responsável por 21% em 1990 e por 28% em 2004 das emissões de CO2 a nível europeu, a maior parte vinda do transporte privado.


P.S. Um carro moderno durante uma viagem de Lisboa ao Porto emite 50Kg de CO2. Uma árvore absorve em média 25 por ano. Alguém sabe onde estão os biliões de árvores necessárias para compensar o trânsito em Portugal?

Adenda (17 janeiro 2008): aparentemente o Parlamento Europeu aprovou algo diferente, por um lado facilitou ao subir o objectivo para 125 (em vez de 120), mas por outro exige que este ganho se deva exclusivamente à indústria automóvel (em vez dos 130-10). Aparentemente (o texto é pouco explícito) o prazo foi alargado para 2015. (via Ondas3)

Deputados do PSD querem ampliação na A2

MC, 07.02.07
auto-estradas de 5 faixas?No Público de hoje:

Deputados do PSD querem ampliação na A2
Deputados do PSD reuniram-se ontem com responsáveis da Estradas de Portugal (EP) para discutir o adiamento, no Orçamento do Estado, de verbas para o alargamento para quatro vias em cada sentido da Auto-estrada do Sul (A2), entre Almada e o Fogueteiro.
(...)
Um requerimento de Luís Rodrigues quer saber se o alargamento está a ser equacionado pelo Ministério das Obras Públicas ou se há alternativas de desvio de tráfego para descongestionar a A2, uma vez que, salienta, mesmo que a auto-estrada tenha quatro vias, "os automóveis vão sempre concentrar-se à entrada da Ponte 25 de Abril". Luís Rodrigues defende, por isso, a construção do troço Coina-Trafaria do IC32 como forma de aliviar o tráfego da A2.

4 vias, porque não 5 ou 6? Quando é que esta gente se convence que duplicar, triplicar, quadruplicar,... auto-estradas não resolve o problema?

Novos preços do estacionamento para residentes em Lisboa

MC, 06.02.07
A EMEL adoptou recentemente uma proposta antiga de José Viegas (professor do Técnico especialista em transportes e consultor da CML) para a tarifação do estacionamento dos residentes em Lisboa. Até agora os lisboetas com automóvel em seu nome tinham estacionamento gratuito no seu bairro, tendo  apenas que passar por um chato processo burocrático para obter um dístico para o pára-brisas.
Há que lembrar que o espaço disponível para estacionamento no centro de uma cidade é um bem raríssimo. Em frente a um prédio cabem apenas uns 3 ou 4 automóveis estacionados, já para não falar que a grande maioria não tem garagem. São raríssimos os prédios em que os residentes no seu todo tenham apenas 4 automóveis, logo há aqui um problema óbvio. Felizmente a antiga solução de ocupar totalmente os passeios, pracetas, jardins, ruelas, etc com carros está a ser combatida com os barreiras nos passeios e a construção de novos parques de estacionamento.
Os estacionamentos gratuitos traziam vários problemas: não havia incentivo aos donos de carros para terem uma garagem (aliás muitas das garagens são escandalosamente transformadas em lojas, supermercados e escritórios); como o financiamento vinha da câmara (e dos não-residentes que pagam parquímetro) os lisboetas que ocupam os bairros com carros contribuíam tanto para a resolução do problema como os lisboetas que optaram por não ter carro ou ter apenas um; um não-residente facilmente podia registar o carro no nome de um residente e passar a ter estacionamento gratuito, etc.
A nova medida é simples. Por cada casa, o primeiro carro é gratuito (discordo, mas é um princípio da CML de disponibilizar um lugar a cada casa lisboeta), o segundo custa 25 euros, o terceiro 100 euros, e a partir do quarto 150 euros por ano. Não resolve o problema, especialmente porque os valores são muito baixos (basta comparar com o preço para não-residentes) mas é um primeiro passo e dá o sinal correcto.
Claro que as críticas não se fazem esperar (como um leitor que hoje escreve no Público Lisboa), mas todos concordarão que há um problema. A questão reside em saber a quem cabe resolvê-lo: a todos os portugueses, aos residentes dos subúrbios, aos lisboetas sem carro/um carro apenas ou aos lisboetas com vários carros. A resposta parece-me óbvia.