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Menos Um Carro

Blog da Mobilidade Sustentável. Pelo ambiente, pelas cidades, pelas pessoas

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Mais um "sonho"

MC, 09.07.08

(post actualizado)

 

Depois do "sonho" do carro a hidrogénio há umas semanas, desta vez temos outro com direito a presença do primeiro-ministro. Depois do governo ter lançado em apenas três anos mais 1200km de auto-estradas, o dobro do que o país tem em ferrovia dupla, a obsessão do primeiro-ministro pelo automóvel está a tornar-se patológica.

Foi apresentada a parceria com a Nissa-Renault para a comercialização de carros eléctricos em Portugal, tendo ficando bastante claro que esta obsessão vai sair cara ao país.

1. O Governo teve que pedir autorização a Bruxelas para apoios extraordinários.

2. O primeiro-ministro disse hoje que estes automóveis terão um desconto de 70% no imposto automóvel, isto é, estarão isentos da sua componente ambiental, porque supostamente não emitem gases poluentes (um perfeito disparate repetido por todos os órgãos de comunicação, segundo dados da DGEG 71% da electricidade produzida em Portugal em 2006 teve origem fóssil).

3. Garantiu que o governo ainda abriria mais os cordões à bolsa se os popós eléctricos mesmo assim ainda fossem caros. Disse nomeadamente que o governo proporcionará "as condições para que o consumidor de um veículo eléctrico não tenha qualquer desvantagem em preços", para lá do desconto nos impostos.

4. O Imposto sobre os produtos petrolíferos serve para financiar (em parte) custos associados ao transporte privado (estradas, polícia, etc...). O carro eléctrico fica em princípio isento de ISP, mas será que não deveria ter as mesmas obrigações?

 

Repito, o automóvel eléctrico é menos mal-vindo que o automóvel convencional. As emissões de CO2 são aparentemente menores, não há emissão de poluição com impacto local (ozono, partículas, etc...), a fonte primária de energia pode ser renovável logo não condenada a desaparecer como o petróleo, não causa ruído, etc... Contudo não vejo o mínimo de energia e dinheiro investidos na solução que é na verdade ambiental e economicamente sustentável, os transportes públicos. Porque não temos um primeiro-ministro a anunciar uma frota de autocarros eléctricos, em vez de automóveis?

Aliás, talvez Sócrates não saiba, mas o comboio, o metro, os trolleys e os eléctricos movem-se a electricidade há décadas!

 


Leitura recomendada, um post sobre o mesmo assunto no supergreenme.


E como já tínhamos saudades de mais "acessibilidades" (=IPs e auto-estradas) o Governo anunciou esta semana mais 197 milhões de euros para alcatrão. Mais uma vez, uma das desculpas é a "diminuição da sinistralidade"... pois.

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