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Menos Um Carro

Blog da Mobilidade Sustentável. Pelo ambiente, pelas cidades, pelas pessoas

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Conselho de Ministros

MC, 12.06.08

O governo acaba de aprovar a criação das Autoridades Metropolitanas de Transportes para Lisboa e Porto. Há décadas que são defendidas, há largos anos que os sucessivos governos prometem a sua criação (o actual foi adiando, adiando com desculpas "esfarrapadas"), mas aqui estão. Espero que tenham o poder suficiente de meter isto na ordem.

E para que é que elas servem?

Para determinar horários dos transportes públicos. Para que o autocarro que leva ao comboio comece e acabe ao mesmo tempo que este, e para que a frequência seja a mesma, de modo que um passageiro não fique na estação de comboios à noite sem autocarro. Para que não se saia duma estação CP, e o autocarro "acabou de sair", e o próximo é só daqui 30 minutos.

Para coordenar bilhetes. Para que não haja 400 passes diferentes à escolha. Para que não seja preciso andar com bilhetes verdes, azuis, encarnados, brancos, etc... na carteira, e que se possa comprar todos no mesmo sítio. Para que baste um único bilhete para fazer uma viagem com vários transportes.

Para que os transportes não trabalhem numa lógica absurda de concorrência, mas que cooperem.

Para que as rotas existentes sejam desenhadas numa lógica de rede, e não numa lógica de lucro ou de zonas estanques (autocarros de Oeiras de costas voltadas para os de Lisboa).

Para que as transportadoras sejam obrigadas a irem às zonas onde há menos passageiros.

 

É impressionante que Lisboa (o Porto está melhor) tenha vários transportes públicos de empresas públicas, mas mesmo assim ninguém se entende. Em Curitiba, famosa pelo seu excelente sistema de transportes só à base de autocarros, todas as empresas são privadas, mas são obrigadas a seguir um planeamento central.

 

Se o Governo tratar disto como deve de ser, arrisco-me a dizer que foi a melhor notícia de sempre para os transportes públicos em Portugal. Mas isto é um grande "se"...

 

Infelizmente, o mesmo conselho de ministro também tomou uma triste decisão. Durante anos o Estado cobrou o IVA mais baixo que existe nas portagens sobre o Tejo, 5%. Há vários alimentos que pagam 12% e 20%, os iogurtes são um exemplo - salvo o erro. Ou seja o Estado considerava a portagem um bem de primeira necessidade, e o iogurte um bem de luxo. A União Europeia acabou de condenar Portugal por este comportamento. O que faz o governo? Sobe o IVA e para compensar baixa o preço das portagens, pondo todos os portugueses a pagar este desconto a quem opta pelo automóvel numa travessia onde há autocarros, comboios e barcos altamente frequentes.

 

 


Leitura recomendada: Some Reasons the Bike Always Wins no NYTimes, onde se explica porque é que a bicicleta é o transporte mais rápido na maioria dos percursos urbanos. (obrigado Tiago!)

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